Leitura obrigatória: “Avaliação de Docentes”, de João Miranda
Março 15, 2008 por carlos sacramento
“A maior parte das empresas privadas não precisa de utilizar processos formais de avaliação dos trabalhadores. As empresas privadas têm de ser lucrativas. Para serem lucrativas têm de produzir bens e serviços que os clientes apreciem. Se a empresa funcionar mal, os clientes fogem para a concorrência e os gestores são forçados a agir. Os gestores têm incentivos para avaliar de forma justa os seus funcionários, mas não precisam de os avaliar de forma burocrática. Utilizam o seu julgamento subjectivo para determinar quais são os melhores funcionários. O sistema de avaliação informal funciona porque se as empresas não servirem o melhor possível o cliente vão à falência.O Ministério da Educação financia as escolas com o dinheiro dos impostos, essencialmente através do pagamento de salários a professores e funcionários. Se um pai retirar o seu filho de uma escola pública, as receitas dessa escola mantêm-se. As escolas não têm os incentivos financeiros para detectar e corrigir o mau profissionalismo dos professores.O Ministério da Educação é gigantesco e encontra-se demasiado distante das necessidades das comunidades que pretende servir. Por este motivo, o ministério optou por implementar um sistema de avaliação artificial, burocrático e formal.
No modelo centralista em vigor, esta é a única forma que o ministério tem para controlar a qualidade dos serviços prestados pelos professores. Mas este sistema burocrático de avaliação só é necessário e inevitável porque as escolas não estão sujeitas à pressão das comunidades que deveriam servir.
Num sistema de ensino descentralizado e concorrencial, a avaliação burocrática é desnecessária. Se as escolas passassem a financiar-se exclusivamente através do cheque-ensino, entrariam em concorrência entre si e seriam avaliadas directamente pelos pais dos alunos. O director da escola passaria a ter todos os incentivos para avaliar os professores de forma justa, mas não burocrática, de acordo com o contributo de cada um para o sucesso da escola.”
João Miranda no
Diário de Noticias,
Sábado, 15 de Março de 2008.
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Mais claro não podia ser. Mais um excelente artigo do João Miranda. Afinal o que querem os professores? Eu sei: a manutenção do status quo, férias amiúde, regime de faltas generoso, progressões automáticas, falta de avaliação concorrencial efectiva, reformas de 400 a 500contos (há pois é, basta ver o Diário da República), etc etc.