Este jogo de palavras cheio de estilo é magnifíco:
“Os actos do pensar parecem, em primeiro lugar, enquanto históricos, ser uma coisa do passado e residir para além da nossa realidade efectiva. Mas, de facto, o que somos é ao mesmo tempo historicamente que somos, ou em termos mais exactos: assim como no que neste âmbito, a história do pensar, se encontra o passado é apenas um lado, assim naquilo que somos, o imperecível comum está inseparavelmente ligado ao que historicamente somos. A posse da racionalidade auto-consciente que nos pertence a nós e ao mundo actual não surgiu imediatamente e despontou apenas do solo da actualidade, mas é-lhe essencial ser uma herança e, de um modo mais definido, o resultado do trabalho e, decerto, do trabalho de todas as gerações passadas do género humano. Assim como as artes da vida exterior, a quantidade de meios e habilidades, as instituições e hábitos da coexistência social e política são um resultado da reflexão, da invenção, das necessidades, da indigência e do infortúnio, da vontade e realização da história anterior ao nosso presente, assim também o que somos na ciência e, de modo mais preciso, na filosofia, se deve igualmente à tradição, que através de tudo o que é efémero e que, portanto, se desvaneceu, se entrelaça, segundo a expressão de Herder, como uma cadeia sagrada, e nos conservou e legou o que o mundo anterior produziu.
Mas semelhante tradição não é só uma governanta, que apenas guarda fielmente o que recebeu e transmite sem modificação aos descendentes. Não é uma estátua imóvel, mas viva, e cresce como uma poderosa torrente que se avoluma à medida que mais se afasta da sua origem.” – Hegel
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