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Archive for 23 de Maio, 2008

EcoTretas

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A ler

Bolos e robots , Congelar o preço da gasolina , Politização do preço da gasolina? , Baixar o ISP? e Indícios de que não existe cartel nenhum por João Miranda no Blasfémias.

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“A filosofia é sobretudo uma actividade crítica e não um corpo de conhecimentos. É a procura de justificações plausíveis e publicamente defensáveis das nossas crenças e convicções. Neste sentido, a filosofia é subversiva por natureza. Será que o deus cristão existe? Qual é o mal da escravatura? Teremos realmente livre arbítrio, ou isso não passa de uma ilusão? Estas perguntas são irritantes. Ou porque põem em causa as nossas crenças mais queridas ou porque parecem irrelevantes para a vida quotidiana. Mas queiramos ou não tentar responder a estes e outros problemas, eles existem.
Confunde-se muitas vezes a filosofia com discursos pretensamente inspiradores. Transfigura-se a filosofia e não se trata já de discutir ideias livre e cuidadosamente, mas antes de usar a autoridade ilusória dos filósofos mortos para alimentar as aspirações mais palermas. Descobriu-se que não estamos no centro do universo e que o Deus bíblico não fez o mundo em sete dias? Ah, mas a marca de Deus está nas nossas aspirações humanas indeléveis, de suprema importância cósmica. Aceitamos que Deus morreu? Ah, mas substitui-se isso pelo Ser e desatamos a perorar contra a lógica e a racionalidade, as culpadas de todos os males da humanidade.
O obscurantismo nunca se deu bem com a exigência de clareza do pensamento crítico da filosofia. As duas perguntas filosóficas típicas são suficientes para deitar por terra muitos parágrafos lamacentos que nada dizem realmente de interessante: “Que quer isso realmente dizer?” “Será isso verdade?”
Mas não será uma ingenuidade procurar a verdade? Afinal, o que é a verdade? Estas perguntas são pontos de partida para sofismas inacabáveis. É muito difícil ter uma boa teoria filosófica sobre a verdade, mas não precisamos de tal coisa para fazer o nosso trabalho crítico normal. Não precisamos disso para nos perguntarmos se hoje é terça-feira. O sofisma consiste em insistir que precisamos disso para podermos discutir livremente afirmações tonitruantes que não querem ser discutidas – não querem ser discutidas porque mal o fazemos a aura que as torna atraentes cai por terra.
Um teste simples contra a tolice linguística que tem o poder hipnotizador de inspirar quem aspira a ser inspirado dessa maneira é este: pegue-se numa dessas afirmações e neguemo-la. Se verificarmos que o seu poder inspirador é igual, é porque é isso que nos atrai e não a sua verdade – o que significa que é uma intrujice. Vejamos um exemplo: “O Homem é o ser para a morte.” O que quer isto dizer? Parece profundo, mas é igualmente profundo, e igualmente machista, dizer que o Homem não é um ser para a morte. Por outro lado, se retirarmos o lodo gramatical da primeira afirmação obtemos uma verdade simples: os seres humanos morrem. Agora, a sua negação já é obviamente tola: os seres humanos não morrem.
É este o poder do pensamento crítico: escangalha aspiradores e restitui-nos o filosofar genuíno, genuinamente subversivo.”

20.05.2008, Desidério Murcho, filósofo.

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