“O Presidente da República, Cavaco Silva, mostrou-se hoje “impressionado” com a ignorância de muitos jovens sobre o 25 de Abril e o seu significado e denunciou uma “notória insatisfação” dos portugueses com o funcionamento da democracia.
No seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril, no Parlamento, Cavaco Silva divulgou extractos de um estudo que mandou realizar sobre o alheamento da juventude face à política, e atribuiu parte da responsabilidade aos partidos políticos.
O Presidente considerou “não ser justo” para aqueles que se bateram pela liberdade, tantas vezes arriscando a própria vida, que a geração responsável por manter viva a memória de Abril persista em esquecer que a revolução foi um projecto de futuro.
“Os mais novos, sobretudo, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário”, declarou o Chefe de Estado perante o hemiciclo.
Cavaco Silva recordou que, quando o 25 de Abril ocorreu, uma parcela substancial da população não tinha ainda nascido e lamentou que quem viveu a revolução tenha a tendência para não se lembrar disso, julgando que essa data, fixada no tempo, possui uma perenidade eterna.
“Um regime político não pode esquecer as suas origens”, disse, acrescentando “não ser saudável que a nossa democracia despreze o seu código genético e as promessas que nele estiveram inscritas”.
Para Cavaco Silva, “num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar”.”
fonte: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1326948&idCanal=12 .
Consequências do 25 de Abril das quais não se fala no “Dia da Liberdade”:
“A direct consequence of the military coup was the dislocation of hundreds of thousands of people and complete chaos in newly independent overseas territories. Hundreds of thousands of Portuguese people were left homeless and destitute due to rising conflicts in the former overseas territories and were forced to return to Portugal as retornados.
East Timor was invaded by Indonesia in 1975 and occupied until 1999. There as an estimated 102,800 conflict-related deaths in the period 1974-1999, (approximately 18,600 killings and 84,200 ‘excess’ deaths from hunger and illness), the majority of which occurred during the Indonesian occupation.[1] Angola would enter into a decades long civil war which involved nations like the Soviet Union, Cuba, South Africa and the United States. Millions of Angolans would die either as a direct consequence of the war or of malnutrition and disease. Mozambique would also enter into a devastating civil war that left it as one of the poorest nations in the world. One exception to the decolonization process was Macau, which remained a Portuguese colony until 1999. China, pursuing an agreement with the United Kingdom on Hong Kong, did not want to complicate matters. All the former overseas territories suffered greatly from the abrupt Portuguese decolonization.”
“Until the constitutional revisions of 1982 and 1989, the constitution was a highly charged ideological document with numerous references to socialism, the rights of workers, and the desirability of a socialist economy. It severely restricted private investment and business activity. Many of these articles were advanced by Portuguese Communist Party (PCP) representatives in the Constituent Assembly, but they were also advocated by members of the Socialist Party (PS), who at that time, for electoral reasons, were seeking to be as revolutionary as the far left. The resulting document proclaimed that the object of the republic was “to ensure the transition to socialism.” The constitution also urged the state to “socialize the means of production and abolish the exploitation of man by man,” phrases that echoed Karl Marx‘s Communist Manifesto. Workers’ Committees were given the right to supervise the management of enterprises and to have their representatives elected to the boards of state-owned firms. The government, among many admonitions in the same vein, was to “direct its work toward the socialization of medicine and the medicopharmaceutical sectors.”
“Despite the 1982 amendments, centrists and conservatives continued to criticize the constitution as too ideological and economically restrictive. Hence, the constitution was amended again in 1989. Many economic restrictions were removed and much ideological language eliminated, while governmental structures remained unchanged. The most important change enabled the state to privatize much of the property and many of the enterprises nationalized after 1974 revolution.”
fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Portugal .
Claro, o 25 de Abril foi o pior que nos aconteceu. O estado novo sim…tb poderemos entrar nessa lógica. Comparar o antes e o depois, e dizer qual o melhor!
Mas não é isso que é importante…digo eu claro…
Quanto ao colonialismo, estavamos em plena década de 70 mergulhados em 3 frentes de guerra: Moçambique, Guiné e Angola…
Quase todos os países europeus já tinham feito as suas descolonizações, Portugal não, muito pelo contrário, a solução que Spinola (em “Portugal e o Futuro) falava para resolver o problema do Ultramar tinha que ser política e não militar. Portugal chegou a 1974 e teve que se Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.
Nenhum país europeu (inglaterra e a frança principalmente) fez a descolonização ao mesmo tempo que uma revolução, ou melhor numa época de alteração política no seu próprio país.
Tivemos infelizmente que fazer aquilo que na altura foi possível fazer, com as consequencias que hoje em dia tb vemos nas ex.colónias.
A culpa? Se ela tem que existir, então culpados foram aqueles que até 1974 quizeram defender um Portugal uno do Minho a Timor, aqueles que achavam que as colónias eram nossas, e que nos dias de hoje argumentam “agora esses países estão assim, dantes com os portugueses lá é que era”.
Itália, França e Espanha em africa até aos anos 60 entregaram as suas colónias…com soluções politicas, com algumas excepçoes como a Argélia…mesmo essa com De Gaulle foi politica, foram criadas condiçoes para a sua perfeita transição..
Quanto à Constituição Socialista, mais uma vez foi resultado da época em que vivemos, tem traços Socialistas, não é Socialista. Pode querer discutir isso, eu não quero, como não digo que a Constituição de 33 é Fascista, tem traços fascistas, mas não é…
A nossa constituição tem sido alterada, e muito bem, não me envergonho nada dela, a França depois da II grande guerra já teve várias constituições, várias revisões constituicionais e não deixou de ser um país bem governado, já agora “não socialista”.
P.S.- Não cite p.f. a Wikipedia, não prima pelo rigor cientifico necessário para discutir como aqui discutimos
E outra coisa, ao menos Espanha teve um verdadeiro ditador. Não foi um ditador de meia tigela, espanha comparativamente a Portugal desenvolveu-se durante a sua ditadura, agora nós…mas a culpa é da CRP…
“Claro, o 25 de Abril foi o pior que nos aconteceu.”
Para si presumo. O juízo de valor é seu.
“Quase todos os países europeus já tinham feito as suas descolonizações, Portugal não, muito pelo contrário, a solução que Spinola (em “Portugal e o Futuro) falava para resolver o problema do Ultramar tinha que ser política e não militar. Portugal chegou a 1974 e teve que se Democratizar, Descolonizar e Desenvolver.”
Pois pois. Spinola tentou levar a cabo um golpe militar contra Salazar ainda antes da guerra colonial ter inicio, foi abandonado pelos esquerdistas. Spínola foi contra o esquerdismo da revolução e o modo como foi dado independência às colonias. A descolonização como foi feita foi uma das maravilhas do MFA. Soldados a deixar as armas e os portugueses nas colonias à sua sorte assassinados e mulheres violadas.
“Tivemos infelizmente que fazer aquilo que na altura foi possível fazer, com as consequencias que hoje em dia tb vemos nas ex.colónias.”
Essa é a cantiga do vigário. Diga isso aos que lá deixaram familiares mortos e mulheres violadas.
“A culpa? Se ela tem que existir, então culpados foram aqueles que até 1974 quizeram defender um Portugal uno do Minho a Timor, aqueles que achavam que as colónias eram nossas, e que nos dias de hoje argumentam “agora esses países estão assim, dantes com os portugueses lá é que era”.”
Os responsáveis pré-25 de Abril têm as suas culpas mas isso não desculpa os responsáveis pós-25 de Abril.
Que as colónias estavam melhores com os portugueses do que sem eles isso é um facto mas também é irrelevante para a discussão. A independência foi dada, o que lá iria acontecer seria um problema para o novo governo. O que interessa é que tivesse sido salvaguardada a segurança dos portugueses na retirada das colónias em vez do abandono desleixado.
“P.S.- Não cite p.f. a Wikipedia, não prima pelo rigor cientifico necessário para discutir como aqui discutimos”
Convencional. Posso ir buscar a mesma informação a outros sitios.
“E outra coisa, ao menos Espanha teve um verdadeiro ditador. Não foi um ditador de meia tigela, espanha comparativamente a Portugal desenvolveu-se durante a sua ditadura, agora nós…mas a culpa é da CRP…”
Irrelevante para a discussão. No post não se defende a ditadura do Estado Novo.
Já lhe disse que não sou comunista, mas muito menos pseudo.fascista ou pseudo.liberalista do sec. XIX como parece ser moda agora pela blogosfera
Ainda bem k não se pronunciou sobre os condicionalismos de que lhe falei, nomeadamente a desconolização ao mesmo tempo que uma revolução.
Mas já que gosta tanto da Wikipédia vou passar a citar as desconolizações africanas dos vários países europeus:
Itália:
“As únicas duas colónias italianas em África, a Líbia e parte da Somália, tornaram-se independentes, a primeira em 1951 e a segunda em 1960.”
França:
“A seguir à Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava a braços com insurreição na Argélia e na Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de movimentos independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através dum referendo uma manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da “Comunidade Francesa”.
Com excepção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do Marfim, o Níger, o Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o “Conselho do Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo e a França, em 1960, reconheceu a independência da maioria das sua colónias africanas.
A Argélia, no entanto, só se tornou independente depois de 8 anos duma guerra que causou milhares de mortos, não só na própria colónia, como também na França, após o que o governo francês, dirigido pelo general Charles de Gaulle, decidiu entrar em conversações com o principal movimento independentista (a Front de Libération Nationale ou FLN) e conceder-lhe a independência.”
Espanha:
“A Guiné Equatorial tornou-se independente da Espanha em 1961.”
Inglaterra:
“Nas regiões de colonização inglesa, o movimento descolonizador caracterizou–se, em geral, pela ruptura pacífica. Foram os casos, por exemplo, de Gana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia.”
Mas se quizer tb pode dar uma vista de olhos na Revolução Americana, a primeira Colónia a tornar.se independente, os ingleses asseguraram os seus interesses? Acha isso?
Os condicionalismos das diversas guerras de libertação impediram uma negociação, fez-se o que foi possível!
Quanto ao General Spínola, não sei de que golpe fala?
Fala do 11 de Março? (e faça o juizo que quizer do contra golpe que dps sucedeu)
e pense tb que ele foi o Presidente nomeado após a revolução, como “REPRESENTANTE DO MFA”
Já agora, sobre o 25 de Abril:
“Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo”
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
” pense tb que ele foi o Presidente nomeado após a revolução, como “REPRESENTANTE DO MFA””.
E por ter entrado em desacordo com o MFA sobre o processo de descolonização e outros assuntos e por o país ter virado demasiado à esquerda resolveu desistir da presidência.
Sim, mas o que o Carlos disse foi:
“Pois pois. Spinola tentou levar a cabo um golpe militar contra Salazar ainda antes da guerra colonial ter inicio, foi abandonado pelos esquerdistas”
Gostava de saber de é que está a falar…
Não vou discutir esse assunto consigo, são factos históricos, a tentativa do golpe de Spínola a 11 de MArço teve como consequência o contra golpe que levou Às nacionalizações etc…mas isso não o importante aqui neste Post
Enganei-me. Foi Botelho Moniz e não Spínola nessa tentativa falhada de golpe militar em 1961. Também houve Humberto Delgado.
Mas Spínola foi sempre contra os programas da PREC, principalmente em relação à descolonização.
“…”Spínola classificou a Descolonização exemplar de “criminosa” em 4.1994, repetindo o que dissera várias vezes nos vinte anos anteriores, esquecendo ao mesmo tempo a sua responsabilidade no processo.E também a sua incurável ingenuidade : num apelo “aos líderes responsáveis do Mundo Livre, datado de 9.10.1975, exortou a ONU, a Cruz Vermelha Internacional, a Caritas e outras “organizações afins de carácter humanitário” para…”para que a população de Angola que deseje abandonar o território seja evacuada na sua totalidade antes de 11 de Novembro (dia da independência de Angola), a fim de evitar que seja praticado um dos mais bárbaros e hediondos genocídios da história contemporânea” (SPÍNOLA, António de — Ao serviço de Portugal,p. 311).”
Este blog tem vários relatos e informações sobre a descolonização: http://angola-brasil.blogspot.com/2007/08/poema-pico-vol-i-e-vol-ii.html .